Opinião Thales Aguiar: Os Impactos da polarização no Brasil: Democracia em Jogo?

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Caros leitores, nos últimos anos, o Brasil tem intensificado sua polarização política, demonstrada nos debates públicos pela radicalização de posturas ideológicas e pela diminuição do diálogo construtivo entre os diferentes grupos sociais. Um fenômeno longe de ser exclusivo do país que desafia as democracias ao redor do mundo. Contudo, a forma como ela tem se manifestado nesse espaço, levanta preocupações específicas sobre o impacto na qualidade da democracia e no fortalecimento dos direitos constitucionais. Em meados das eleições presidenciais de 2018, quando o debate público foi dominado por narrativas opostas entre o campo da extrema direita, representado por Jair Bolsonaro, e o campo da esquerda, principalmente associado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Um verdadeiro confronto, alimentado pelas redes sociais e por discursos extremados que ampliou o fosso entre os grupos e tornou o espaço político em um campo de batalha ideológica.

De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil ocupa uma das posições mais altas em termos de polarização política nas redes sociais. A análise feita em 2021 evidenciou que os debates online estão fortemente segregados e com pouca interação entre os polos opostos. Um isolamento de bolhas ideológicas que contribuiu para a radicalização de discursos dificultando o debate democrático saudável e aumentando a desconfiança das instituições. A disseminação de notícias falsas (fakenews) também tem sido um componente-chave para amplificar essa divisão, como observamos durante a pandemia da COVID-19, onde a desinformação agravou o combate à crise sanitária. Outro impacto relevante é a erosão da confiança pública nas instituições democráticas. Uma pesquisa do Instituto Datafolha de 2022 revelou que 52% dos brasileiros acreditam que as instituições democráticas, como o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), estão “em crise” ou “funcionando mal”. Um cenário perigoso, pois quando a população desacredita nas instituições, aumenta-se o risco de movimentos extremistas na busca de soluções autoritárias. Como foi os atos antidemocráticos de 7 de setembro de 2021, nos quais, grupos radicais pediram o fechamento do STF e a intervenção militar.

Lembremos que a Constituição de 1988, foi um marco na redemocratização do Brasil, garantindo direitos fundamentais como a liberdade de expressão, a pluralidade política e a independência entre os Poderes. Por outro lado, há quem defenda que a polarização política, em certa medida, é um sinal de uma democracia viva e vibrante. Em uma democracia plural, é natural que existam diferentes grupos defendendo visões de mundo divergentes. Nesse sentido, o debate intenso pode ser visto como uma forma de participação política ativa. No entanto, para que a polarização seja positiva, ela deve ocorrer dentro de limites institucionais e com respeito às regras democráticas. A questão que se coloca, portanto, é se a atual polarização no Brasil está fortalecendo ou enfraquecendo a democracia. A resposta depende do ponto de vista. Se entendermos a democracia como um sistema que exige constante debate, onde diferentes grupos podem coexistir e competir por influência política de forma pacífica, então a polarização moderada pode ser positiva. Do outro lado, quando a polarização alimenta o ódio, a intolerância e a ruptura com as normas democráticas, ela se torna prejudicial. Fato é que, o momento atual exige vigilância e compromisso com os valores democráticos. Somente assim o Brasil poderá superar a atual crise de polarização e avançar rumo a uma democracia mais inclusiva, robusta e plural.

Thales Aguiar – Jornalista e escritor

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