Opinião José Álvaro Cardoso: Povo esmagado, elites asquerosas

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Me deparei com um dado recente do IBGE, relativo à 2018, da PNAD, que revela que, naquele ano, o rendimento mensal domiciliar per capita médio foi de R$ 1.337 em 2018. Inferior em termos reais, aos de 2014 (R$ 1.341,00). Para efeitos comparativos, uma cesta básica para uma pessoa (13 produtos) em Florianópolis, está custando R$ 524,07. Em 2018, 57,6% dos rendimentos domiciliares per capita observados ainda eram iguais ou inferiores ao valor do salário mínimo vigente nesse mesmo ano. Isso significa que mais da metade das pessoas possuíam rendimento domiciliar per capita de até R$ 954,00 (um salário mínimo). Provavelmente hoje estes dados são ainda inferiores.

O General Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo, disse no ano passado, em audiência no Congresso Nacional, ter vergonha de ganhar líquidos, R$ 19 mil, como general. Este é o salário que recebia quando era general da ativa. Agora ele acumula esse salário com o de ministro. O salário bruto de um ministro hoje é de no mínimo R$ 31.000. Então o general Heleno recebe de proventos algo em torno dos R$ 60.000 brutos (57 salários mínimos). Fora os benefícios a que os militares têm direito. Essa é a classe média brasileira, de uma sensibilidade social extrema: num país onde o rendimento mensal domiciliar per capita médio é de R$ 1.337, ele reclama de receber 19 mil limpinhos. Fora os benefícios que os generais têm aos montes.

Vamos lembrar que há toda uma visão na sociedade, cuidadosamente alimentada, de que o sujeito é rico por mérito próprio, porque se esforçou, estudou, etc. Do outro lado, o cidadão tem que comer calango porque é preguiçoso, não quer enfrentar o batente, etc. É esse tipo de mentalidade que faz com que as pessoas aceitem como natural, e até achem bonito, que o Brasil tenha cinco bilionários com riqueza equivalente à metade da população mais pobre do país, ou seja 100 milhões de pessoas.


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