Não é estranho cliente aportar no escritório trazendo na ponta da língua o direito que entende ter sido violado, inclusive, sugerindo a medida judicial que julga razoável ser interposta. Este fenômeno é fruto da democratização da informação e da internet, por sinal, algo mui bem-vindo. Mas, convenhamos, informação não é conhecimento o que faz com que se tenha de ouvir por vezes um sem número de impropriedades…
…bobagens.
Advogados e cirurgiões
Para ficar claro, a operação jurídica se assemelha muito a operação cirúrgica sendo que, nesta última, pode-se extirpar ou não determinado órgão do corpo. Traduzindo: se valer apenas do google pode causar ablação ad eterno de um direito – e sem qualquer necessidade.
Mecânicos e youtuber’s
Tenho certeza de que a circunstância acima descrita é replicada em variadas atividades profissionais. Você que é um profissional, já deve ter passado por algo parecido. Por sinal, cito exemplo de um cliente que, sendo mecânico de automóveis e estando cansado de chegarem a sua oficina com o diagnóstico do reparo a ser feito, passou a oferecer a opção de tirar a ordem de serviço pelo o que o cliente assistiu no canal do youtube, ou pelo que ele – mecânico de longos anos – tem a obrigação de sugerir.
Dentifrício
Mas ninguém fica indene a esse “costume” de dar uma pesquisada nos sintomas e achar uma solução por conta própria na internet – nem mesmo advogados! – Não vai muito tempo, a lente da câmera do meu celular estava embaçada e apliquei pasta de dentifrício, pois um vídeo garantia que esta era a solução adequada. Bom, conto e ponto à parte, nem preciso dizer que tive de recorrer a um profissional e a uma lente nova.
Onde isso vai parar, não sei. Mas sei por onde está passando
O estelionato digital é observado aos montes na internet, refiro-me a “profissionais” que, por conta de um like ou de vender uma facilidade – tão fácil quanto inútil – posam à frente de câmeras, em vídeos otimamente empáticos, intitulando-se coach’s que, com respeito aos profissionais realmente hábeis na técnica, é uma expressão que, hoje em dia, pode ser confundida com palpiteiro.
Um sem número de bobagens
A experiência dá vazão à ciência, tanto quanto a troca de informações cria conhecimento. Independentemente da internet, em boa parte, vamos continuar a ser educados por nossos erros. Sim. Vamos passar pasta de dentifrício em lentes, desconfiar de mecânicos, consultar médicos em farmácias e falar, com alta propriedade de (des)conhecimento um sem número de impropriedades…
…bobagens!
Emerson Souza Gomes
Blogueiro e advogado
www.cenajurídica.com.br